O dinossauro Ubirajara jubatus viveu há mais de 110 milhões de anos no que é hoje o nordeste do Brasil.

© Bob Nicholls/Paleocreations.com

A cerca de 110 milhões de anos atrás no que é hoje o Brasil, um dinossauro do tamanho de uma pinta cortou uma figura flamboyant com uma exibição de filamentos parecidos com peles de mamíferos e estruturas estreitas e bojudas que irrompiam de seus ombros. Agora está no centro das atenções por outro motivo: perguntas sobre como ele caiu nas mãos dos paleontólogos que o descreveram na semana passada e foi adicionado à coleção de um museu no sudoeste da Alemanha.

Alguns pesquisadores dizem que o espécime pode ter sido exportado ilegalmente. Os autores dizem que tiveram permissão para retirar o fóssil do Brasil como parte de um carregamento de fósseis. Mas sob a lei brasileira, “não há exportação legal de fósseis. Período”, apenas empréstimos, diz Alexander Kellner, paleontólogo e diretor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O fóssil foi encontrado no nordeste do Brasil, provavelmente por um trabalhador em uma das muitas pedreiras de calcário da região. Os pesquisadores que prepararam e descreveram o espécime deram-lhe o nome de Ubirajara jubatus. Ubirajara significa “senhor da lança” em tupi, uma das línguas indígenas faladas na região. Jubatus é o latim para “maned”. É o primeiro dinossauro do Hemisfério Sul com estruturas que podem estar relacionadas com as penas iniciais, embora os filamentos não fossem ramificados como as penas das aves modernas. A criatura evidentemente tinha uma crina impressionante em seu pescoço e seu pêlo era “como um urso de pelúcia” – embora com garras bastante ferozes, diz Eberhard Frey, um paleontólogo do Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe que ajudou a liderar o novo estudo do fóssil.

Os pesquisadores também encontraram estruturas rígidas e bojudas de até 15 centímetros de comprimento que se estendiam dos ombros do animal. Eles eram provavelmente ornamentais, talvez usados em uma exposição de acasalamento, Frey e colegas escreveram na Cretaceous Research em 13 de dezembro. As estruturas bálticas, que não parecem ser mineralizadas como osso, são “a coisa estranha e maravilhosa que precisa ser entendida”, diz Michael Benton, um paleontólogo da Universidade de Bristol que não estava envolvido no trabalho. A criatura ajudará os cientistas a entender melhor como as estruturas semelhantes a penas evoluíram, diz ele.

Frey e o co-autor David Martill, um paleontólogo da Universidade de Portsmouth, dizem que o espécime foi exportado em 1995 com todas as licenças necessárias, com base em uma lei de 1942 que rege a coleta de fósseis. O editor-chefe da Cretaceous Research, o paleontólogo Eduardo Koutsoukos, diz que os autores têm “provas documentais” pela afirmação de que receberam autorização de um funcionário brasileiro para exportar o fóssil. No entanto, Frey reconhece que as autorizações eram para amostras não especificadas, portanto, “chegou legalmente, mas não podemos prová-lo adequadamente”.”

Outros pesquisadores afirmam que desde pelo menos 1990, a regulamentação brasileira proíbe a venda ou exportação permanente de fósseis do país. Taissa Rodrigues Marques da Silva, paleontólogo da Universidade Federal do Espírito Santo, Goiabeiras, diz que embora as leis que cobrem os fósseis no Brasil sejam complexas e nem sempre tenham sido aplicadas, elas claramente proíbem a exportação permanente. “Seria ótimo se eles pudessem fornecer dados mais detalhados” sobre as licenças de exportação, diz ela.

Rodrigues, Kellner, e outros questionaram porque os pesquisadores esperaram tanto tempo para publicar o espécime, perguntando-se se ele tem a ver com a história obscura do fóssil. Frey diz que inicialmente não estava claro que o fóssil era algo especial, e foram necessários muitos anos de trabalho para reconhecer a importância do espécime.

Mas Kellner não está convencido. “É difícil acreditar que qualquer paleontólogo não teria reconhecido a importância deste espécime e não o teria publicado antes”, diz ele.

Martill, que trabalhou com outros fósseis controversos do Brasil, disse publicamente que a compra de fósseis pode assegurá-los para estudo científico. Mas muitos paleontólogos argumentam que a prática alimenta um mercado de colecionadores que pode tornar os espécimes inacessíveis aos pesquisadores. Rodrigues diz que enquanto no passado os fósseis eram comumente comprados no nordeste do Brasil, a situação tem melhorado. Ela diz que a comunidade paleontológica local tem construído relações com os trabalhadores da mina que muitas vezes encontram fósseis. “Os trabalhadores da mina sabem que os fósseis são importantes e os levam para o museu” em vez de tentar vendê-los, diz ela.

“Os fósseis foram vendidos no passado no Brasil”, diz Kellner. “Mas aqui temos uma comunidade paleontológica vibrante que está trabalhando muito para manter fósseis como este dinossauro no país”. Todos são bem-vindos para estudá-los, publicá-los e depois devolvê-los”

Frey disse ao ScienceInsider que quer chegar até os colegas brasileiros, incluindo Kellner, para encontrar uma solução”. Ele poderia imaginar um acordo, diz ele, que poderia deixar o museu de Karlsruhe exibir o espécime por alguns anos antes de devolvê-lo ao Brasil. “Estamos tentando encontrar uma maneira de resolver isso de uma maneira justa e que faça sentido”

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