Introdução

A necessidade de nos distinguirmos dos outros à nossa volta é talvez distintamente humana. A inteligência como conceito não só nos diferencia como espécie do resto dos animais, mas também nos permite colocar-nos de forma única na companhia de outros seres humanos (Sternberg, 2018). Grosso modo, o conceito de inteligência explica a eficácia do funcionamento mental que está subjacente ao comportamento com base em critérios específicos (Perkins, 1995). Entretanto, o conjunto de regras que qualificam o funcionamento mental tem sido objeto de considerável debate entre as teorias estreitas versus as amplas (Stanovich, 2009).

As teorias estreitas identificam a inteligência com o desempenho em um conjunto de testes que explicam o funcionamento cognitivo em domínios selecionados do repertório mental humano. A composição de tais testes é conhecida como o teste do Quociente de Inteligência (QI). Binet e Simon (1916) foram dos primeiros a desenvolver a influente tradição dos testes de QI. O seu objectivo era identificar crianças com dificuldades cognitivas registadas no sistema escolar público francês e educá-las. Para isso, conceberam testes que mediam como o funcionamento cognitivo de uma criança moldou as suas capacidades mentais como o julgamento, a compreensão e o raciocínio. Lewis Terman levou este teste à Universidade de Stanford e reviu-o para o que ficou conhecido como o teste de QI de Stanford-Binet (Roid e Pomplun, 2012). Desde então, o teste tem sido revisto com frequência e continua a ser usado em países de todo o mundo como medida de inteligência (Deary, 2001). Muitos outros testes de QI, como o SAT (Scholastic Aptitude Test), entraram em moda com o tempo (Sternberg, 2006). A variedade de testes de QI em uso hoje em dia difere no número e tipo de habilidades mentais que tentam medir (Sternberg, 2018).

Por exemplo, o teste de QI amplamente usado é a Escala de Inteligência Adulta III de Wechsler (WAIS-III) (The Psychological Corporation, 1997; Wechsler, 1997). WAIS-III mede o desempenho de um indivíduo num conjunto de quatro capacidades mentais: compreensão verbal, velocidade de processamento, organização perceptiva e memória de trabalho (Wechsler, 1997). Um conjunto de 13 tarefas distintas explica cada uma das quatro habilidades mentais. Essas tarefas, por sua vez, têm um número específico de itens que contribuem para a pontuação geral.

As teorias psicométricas caracterizam o desempenho nos testes de QI através de procedimentos analíticos de fatores (Deary, 2001; Sternberg, 2006). Tipicamente, uma teoria psicométrica contabiliza o desempenho nos testes de QI em duas etapas relacionadas. Em primeiro lugar, o desempenho nos itens de um conjunto de tarefas relacionadas converge para uma determinada capacidade mental (Kline, 2013). Em seguida, a variância comum subjacente às pontuações das capacidades mentais do candidato converge para um único factor designado por factor g. O fator g assim chegado é representativo da inteligência geral de um indivíduo (Kline, 2013). A idéia intuitiva aqui é que o desempenho nos testes de habilidade mental individual (chamados de fatores) está positivamente correlacionado – um fenômeno chamado de “múltiplo positivo” na linguagem psicométrica (Sternberg, 2018). No entanto, poucas variantes seguem um procedimento de um único passo para contabilizar a variação comum entre os resultados das diferentes tarefas do teste de QI para chegar ao factor g (Deary, 2001). Apesar das nuances processuais, todas as teorias psicométricas concordam que o factor g retirado do desempenho nos testes de QI representa a inteligência de um indivíduo (Eysenck, 2018). Juntos, os testes de QI e as explicações psicométricas correspondentes abriram o caminho para o nascimento da psicologia diferencial – um estudo sistemático de como e porquê as nossas mentes trabalham de forma diferente (Eysenck, 2018).

Embora as teorias estreitas dominem a noção científica e de senso comum de inteligência, elas não são desprovidas de crítica. Notavelmente, a crítica sustenta que as teorias estreitas não são representativas do funcionamento mental. Os testes de QI caracterizam a eficiência com que um indivíduo recolhe e processa informação em domínios particulares que são principalmente cognitivos. Deixam de fora aspectos não cognitivos do funcionamento mental, como as competências sócio-emocionais e as capacidades interpessoais, entre outros (Neisser et al., 1996). Além disso, a pesquisa levanta questões em torno da representatividade dos testes. Os pesquisadores consideram os testes de QI inadequados para contabilizar o desempenho mesmo em aspectos cognitivamente carregados da vida mental de um indivíduo. Evidências relacionadas sugerem que os resultados de QI são inconsistentes na previsão da variação do desempenho (incluindo as extremidades) em actividades como a aprendizagem, raciocínio e tomada de decisão (Stanovich, 2009; Fletcher et al., 2018).

Esta crítica aos testes de QI leva ao aumento das teorias gerais da inteligência. As teorias amplas enfatizam os aspectos do funcionamento mental associados ao uso vernacular do termo inteligência, incluindo adaptação ao ambiente, demonstração de sabedoria, criatividade, etc., independentemente de estes aspectos serem passíveis de medição ou não (Gardner, 1993; Perkins et al., 1993; Ceci, 1996; Sternberg, 2018). Eles destacam aspectos do funcionamento mental que moldam o comportamento humano que, de outra forma, é largamente ignorado pelos teóricos estreitos, incluindo características biológicas, processos psicológicos e ambientes socioculturais.

No entanto, os teóricos estreitos acusam as perspectivas amplas de expandir deliberadamente o escopo conceitual e o uso do termo inteligência para contrariar o status elevado dos testes de QI. Argumentam que as conceptualizações generosas das teorias amplas diminuem estrategicamente a importância dos testes de QI ao ampliar a definição de inteligência para torná-los apenas uma parte do todo maior (Stanovich, 2009). Além disso, os críticos também destacam o facto de as teorias amplas carecerem de fundamentação empírica e se apoiarem exclusivamente em evidências anedóticas (Stanovich et al., 2016). Em geral, tanto as teorias estreitas quanto as amplas formam o núcleo do debate de longa data sobre a natureza da inteligência e sua medição. No entanto, as abordagens estreitas com os testes de QI no centro gozam de uma excelente reputação científica e popular em comparação com as teorias gerais. A famosa afirmação de EG Boring (1923) de que “inteligência é o que os testes de QI medem” reflecte o estatuto dos testes de QI na comunidade científica.

The Interpretive Gap

The use of IQ tests permeates many spheres of human activity (Sternberg et al., 2001). Os testes de QI são usados para tomar decisões em vários contextos, incluindo admissões em escolas e faculdades, oportunidades de emprego, e até selecção de companheiros (Hunt, 1995; Fitzsimons, 2015). As amplas aplicações dos testes de QI, contudo, suscitam preocupações específicas. Conceptualmente, os testes de QI indexam a qualidade do funcionamento cognitivo em aspectos seleccionados da vida mental de um indivíduo.

No entanto, as suas interpretações do mundo real inflacionam-nos para representar o funcionamento mental global em domínios abrangentes, desde o desempenho escolar ao desempenho profissional e às relações interpessoais (Sternberg et al., 2001). Esta inflação é evidente a partir das contradições observadas na evidência sobre o valor preditivo dos testes de QI. Pesquisas relacionadas sugerem uma fraca a moderada correlação entre o desempenho nos testes de QI e os resultados na educação, desempenho profissional, níveis de rendimento e bem-estar individual em geral (Bowles e Gintis, 2002; Strenze, 2007). Outros factores, tais como o estatuto socioeconómico dos pais (Strenze, 2007), têm demonstrado moderar activamente estas correlações. Em geral, as evidências apontam para uma lacuna interpretativa entre o que se acredita que os testes de QI medem e o que fazem.

A lacuna interpretativa tem um impacto negativo sobre os factores críticos que moldam o desenvolvimento humano. As sociedades meritocráticas modernas restringem o acesso às oportunidades de educação, emprego e crescimento geral àqueles que se saem bem nos testes de QI, excluindo outros que não se saem bem neles (Neisser et al., 1996). Grande parte das críticas sobre os testes de QI feitas pelos teóricos gerais também provém desta lacuna interpretativa (Sternberg, 2018). Portanto, o debate sobre a natureza da inteligência precisa de ser reestruturado para abordar as questões relativas à interpretação dos resultados de QI, em vez de abandonar completamente estes testes.

Neste sentido, os avanços na forma como os processos motivacionais e afectivos influenciam o funcionamento cognitivo mantêm-se prometedores. O funcionamento mental repousa em grande parte sobre os três processos psicológicos de motivação, funcionamento cognitivo e efeito (Crocker et al., 2013; Pessoa, 2013). Os processos motivacionais e afetivos moldam e remodelam o funcionamento cognitivo, dando origem a grande parte da diversidade comportamental observada no mundo real (Simon, 1967; Crocker et al., 2013).

Este artigo tenta resumir a evidência de como os processos motivacionais e afetivos são responsáveis pelo funcionamento cognitivo em geral e pelos testes de QI em particular. Para concluir, o artigo apresenta orientações específicas para futuras pesquisas. As secções seguintes apresentam o papel da motivação em diferentes aspectos do funcionamento cognitivo e sugerem como o efeito modula as motivações e o funcionamento cognitivo.

Influência da Motivação e do Afecto no Funcionamento Cognitivo

Uma característica saliente do comportamento humano é que ele não é apenas organizado mas também propositado (Ryan, 2012). São as motivações que imbuem a ação de um indivíduo com estrutura e propósito. As motivações são pistas carregadas de valor que são um resultado da interação pessoa-ambiente (Braver et al., 2014). Elas têm duas funções: energização e direção (Heckhausen e Heckhausen, 2018). Enquanto a energização instiga ou ativa o funcionamento cognitivo do indivíduo, a função de direção orienta o repertório cognitivo energizado para fins específicos (Elliot, 2008). Evidências compiladas ao longo de décadas de pesquisa indicam que as motivações influenciam vários aspectos do funcionamento cognitivo, desde a percepção rudimentar (Rothkirch e Sterzer, 2015), até uma atenção mais complexa (Rothkirch et al, 2014), aprendizagem (Daw e Shohamy, 2008), memória (Miendlarzewska et al., 2016), e controle (Botvinick e Braver, 2015).

Motivações geram expectativas que enviesam a visão humana e os mecanismos perceptuais para processar seletivamente as características do ambiente visual (O’Callaghan et al., 2017). Este enviesamento do aparelho perceptivo tem impacto nas estimativas de tamanho, distância, inclinação e saliência dos objetos no ambiente visual (Firestone e Scholl, 2016). Além disso, as expectativas também ajudam a interpretar estímulos ambíguos e a dar sentido às definições perceptivas mesmo quando limitadas pela informação (O’Callaghan et al., 2017). Da mesma forma, as motivações também impulsionam a busca e o processamento de informações de nível mais elevado subjacentes ao raciocínio, julgamento e tomada de decisões (Chiew e Braver, 2011; Epley e Gilovich, 2016). Elas orientam mecanismos de atenção para a aquisição seletiva de informação e modulam parâmetros como velocidade, precisão e profundidade de processamento de informação (Dweck et al., 2004).

Outras, as pistas motivacionais também impulsionam mecanismos de aprendizagem que vão de simples estratégias associativas a estratégias de condicionamento mais complexas que ajudam a estabelecer relações entre informações distintas (Dayan e Balleine, 2002; Daw e Shohamy, 2008). Elas modulam a força da aprendizagem de forma importante (Braver et al., 2014). Relativamente, a investigação também sugere que a relevância motivacional modula a codificação e recuperação da informação adquirida (Miendlarzewska et al., 2016).

Motivações também facilitam processos de controlo que ajudam a escolher entre motivações concorrentes (Botvinick e Braver, 2015; Suri et al., 2018). Este tratamento preferencial de algumas motivações em relação a outras permite não só o funcionamento cognitivo para mudar rapidamente de um ambiente de informação para outro (Suri et al., 2018), mas também conduz a respostas comportamentais dentro do contexto selecionado (Yee e Braver, 2018).

No entanto, a busca bem sucedida da motivação também requer monitoramento e feedback contínuos (Carver, 2018). O monitoramento permite que as pessoas sejam alertadas sobre a congruência entre o comportamento atual e suas conseqüências para as características das ações e resultados desejados (Benn et al., 2014). Esta verificação contínua dos comportamentos referentes à motivação garante que as pessoas identifiquem as discrepâncias e fechem as lacunas entre as respostas comportamentais atuais e desejadas (Harkin et al., 2016).

Feedback do monitoramento periódico dos comportamentos referentes à motivação toma a forma de efeito (Fishbach e Finkelstein, 2012). Os estados afetivos positivos (i.e., sentimentos bons para mim) transmitem avanços nas buscas motivacionais, enquanto os estados afetivos negativos (i.e., sentimentos maus para mim) sinalizam discrepâncias no comportamento proposital (Hart e Gable, 2013; Inzlicht et al., 2015). Além disso, o efeito positivo reforça a intensidade motivacional (Orehek et al., 2011), enquanto o efeito negativo tipicamente o enfraquece (Watkins e Moberly, 2009). Estas mudanças nas motivações por causa do impacto no funcionamento cognitivo e comportamento subsequente (Carver e Scheier, 2008; Gable e Harmon-Jones, 2010; Gable et al., 2016).

A evidência neurocientífica recente também suporta a interação entre as três vertentes do funcionamento mental (Pessoa, 2019). Vários estudos anatômicos e funcionais sugerem que as regiões cerebrais estão altamente interligadas. Estas redes interligadas formam a base da interação entre motivação, funcionamento cognitivo e processos afetivos (Pessoa, 2013). Em suma, os processos motivacionais e afetivos influenciam significativamente o funcionamento cognitivo. Esta evidência tem implicações para os testes de QI e sua interpretação.

Role of Motivation and Affect on Performance in the Intelligence Quotient Tests

Provas crescentes sugerem que as motivações energizam e guiam o desempenho cognitivo de um indivíduo típico que realiza testes (Duckworth et al., 2011). Relativamente, a teoria disposicional da inteligência (Perkins et al., 1993) prevê que as motivações traiçoeiras impulsionam grande parte da variação do desempenho nos testes de QI. Da mesma forma, a pesquisa sugere que características como a mentalidade de crescimento, abertura à experiência e necessidade de cognição modulam a vontade de procurar e processar informação que, por sua vez, influencia o desempenho de um indivíduo num teste de QI (Dweck, 2006; Woods et al., 2019).

No entanto, uma recente revisão meta-analítica das influências motivacionais no desempenho cognitivo sugere que os traços de disposição são responsáveis por uma variação menos considerável quando comparados com as mudanças nos estados motivacionais (Van Iddekinge et al., 2018). Em um estudo seminal, Duckworth et al. (2011) apresentam evidências de como as mudanças de estado nas motivações do tomador do teste predizem significativamente o desempenho nos testes de QI. A pesquisa também sugere que a validade preditiva dos escores de QI para vários resultados de vida diminui substancialmente com as mudanças nos níveis motivacionais do tomador de teste.

Feedback sobre o desempenho e subsequentes estados afetivos influenciam o funcionamento cognitivo do tomador de teste. Principalmente, os estados afetivos negativos, como a ansiedade da tarefa, têm diminuído substancialmente o desempenho nos testes de QI (von der Embse et al., 2018). Resumindo, evidências esparsas mas significativas sobre processos motivacionais e afetivos sugerem que eles são responsáveis por variações substanciais no desempenho nos testes de QI.

Implicações e Futuras Instruções de Pesquisa

As evidências sobre o impacto dos processos motivacionais e afetivos têm implicações para a interpretação e utilização dos testes de QI. Convencionalmente, assume-se que as diferenças de desempenho nos testes de QI apenas transmitem discrepâncias na qualidade do funcionamento cognitivo dos utilizadores dos testes. Contudo, com as novas evidências sobre a bigorna, a variabilidade de desempenho nos testes de QI também parece ser uma função do tipo e intensidade das motivações e estados afectivos que os telespectadores experimentam durante o teste. Esta evidência exige uma mudança na forma como os resultados de QI são interpretados para tomar decisões no mundo real. Portanto, para avançar, são necessários esforços mais concertados para desvendar os efeitos dos processos motivacionais e afectivos no funcionamento cognitivo no contexto dos testes de QI.

Notavelmente, pesquisas futuras poderiam examinar que tipo de sugestões motivacionais, ou seja, orientadas por tarefa vs. resultados (Pintrich, 2000), são óptimas para o desempenho num teste de QI. Um indivíduo com motivação orientada para a tarefa percebe o bom desempenho num teste de QI como um fim em si mesmo. Em contraste, o indivíduo com motivação orientada para resultados assume a performance num teste de QI como um instrumento para outros resultados de vida. Além disso, a investigação precisa de examinar como a intensidade motivacional (orientada por tarefas ou por resultados) modula o funcionamento cognitivo num teste de QI.

A investigação sobre comportamentos orientados por objectivos sugere que a monitorização e o feedback podem também ser responsáveis pela variação do funcionamento cognitivo (Fishbach et al., 2010; Carver, 2018). Portanto, estudos futuros poderiam também examinar como a frequência da monitorização e a natureza do feedback influenciam o desempenho nos testes de QI. Da mesma forma, as respostas afectivas à monitorização do desempenho durante o teste de QI também poderiam ser responsáveis pelo desempenho global no teste. A pesquisa pertinente examinou apenas o impacto de estados afetivos negativos, como a ansiedade (von der Embse et al., 2018). Contudo, os estados afetivos positivos também poderiam contribuir para a variação das notas de QI (Fredrickson, 2004). Finalmente, os estudos também poderiam examinar como as estratégias de regulação das emoções influenciam o desempenho nos testes de QI à medida que modulam a geração e expressão das emoções (Gross, 2002).

Junto, estas linhas de pesquisa poderiam eventualmente contribuir para um relato mais psicologicamente nuançado dos testes de QI. Uma tal visão integrada ajudaria a eliminar a lacuna interpretativa que assola as suas aplicações no mundo real.

Conclusão

A noção de inteligência está aqui para ficar, assim como os testes de QI que indexam a inteligência. No entanto, existe um caso para uma interpretação mais abrangente psicologicamente do que os resultados de QI reflectem. O exame da influência dos processos motivacionais e afectivos no funcionamento cognitivo subjacente ao desempenho nos testes de QI é um passo nessa direcção. Um relato fiável do que os resultados de QI reflectem permitiria uma utilização mais cautelosa destes números para determinar o acesso a oportunidades que moldam os resultados da vida individual nas sociedades meritocráticas modernas.

Contribuições dos autores

Alguns VG e SS contribuíram igualmente em todas as fases do desenvolvimento do manuscrito que conduziu à sua submissão.

Conflito de interesses

Os autores declaram que a pesquisa foi realizada na ausência de qualquer relação comercial ou financeira que pudesse ser interpretada como um potencial conflito de interesses.

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